Um tema em voga atualmente no controle de pragas é a utilização de práticas mais naturais e mais sustentáveis. Isso tanto porque hoje temos uma consciência maior quanto a conservação dos recursos naturais, como também por enfrentarmos resistência de insetos aos químicos disponíveis. A indústria dos químicos, por sua vez, se inspirou algumas vezes nos inseticidas naturais, como é o caso dos neonicotinoides, que derivaram da nicotina, e dos piretróides, derivados das piretrinas naturais.
As piretrinas naturais são ésteres refinados do piretrum, que por sua vez é extraído de uma espécie de flor de crisântemo. Há muito se sabe do efeito inseticida presente no crisântemo, e provavelmente se trata do inseticida mais antigo do mundo, usado por exemplo para produção do pó da pérsia. Era usada no passado como anti-piolho pelos chineses e os soldados de Napoleão usavam durante a guerra para espantar pulgas.
Falamos de piretrinas naturais no plural por ser uma substância composta por 6 estéres. Cada éster é um composto químico de ação inseticida, sendo eles: a piretrina I, piretrina II, cinerina I, cinerina II, jasmolina I e jasmolina II. Geralmente as concentrações dos dois primeiros ésteres citados são maiores e são os mais estudados. A cada nova extração de uma determinada colheita dos crisântemos também observamos uma variação nas porcentagens de cada éster. Tal fato ocorre pois se trata de um produto natural, uma matéria prima plantada (atualmente, na ilha da Tasmânia, no noroeste da Austrália, e na África oriental, na Tanzânia). Com isso, as diferenças na condução da cultura de uma safra para outra, como disponibilidade de água, a adubação, etc., levam a diferenças mínimas nas concentrações dos ésteres, porém, essa concentração diferente é suficiente para evitar o desenvolvimento de insetos resistentes, pois seria como estar usando um inseticida diferente a cada vez. Já os piretróides, é produzido todas as vezes do mesmo jeito, sendo todas as vezes a mesmíssima substância sobre os insetos, favorecendo o desenvolvimento da resistência.
Esse conjunto de ésteres que formam as piretrinas fazem com que o produto tenha uma soma de efeitos (mortalidade, tombamento e desalojamento). Deste modo, além de natural e sustentável, a piretrina se apresenta como um ativo inseticida supercompleto e excelente para ser usado no manejo da resistência de insetos.
Nádia Maebara Bueno – Especialista em assuntos técnicos EHD Latam – Sumitomo Chemical